Foto: Otávio Santos/Secom PMS e Divulgação
Reportagem: Priscila Machado/Secom PMS
Profissionais da Unidade de Saúde da Família (USF) Doron encontraram um meio diferente de celebrar a alta de pacientes em tratamento do pé diabético. Ao lado da equipe de enfermagem, os cidadãos exibiram a placa com a seguinte frase, seguida pelo desenho de um coração: “Eu venci o pé diabético. Tô de alta e feliz!”. A placa foi confeccionada pela equipe para marcar o momento da alta, que representa muito para cada assistido.
Para a enfermeira e supervisora da sala de curativo da USF Doron, Deise Brandão, que teve a ideia da plaquinha para celebrar a alta, o que foi mais inspirador para a confecção da mensagem foi ver a mudança da autoestima de cada paciente com a recuperação. Muitos deles, ressalta, chegam com a autoestima abalada, envergonhados ou desanimados diante da gravidade das feridas.
“No entanto, à medida que o tratamento avança e a cicatrização se torna visível, percebemos uma transformação significativa, o olhar se enche de esperança, o sorriso volta ao rosto e a felicidade renasce. Essa mudança positiva não passa despercebida, ela é sentida e compartilhada por toda a equipe, que se emociona ao acompanhar cada conquista no caminho da recuperação”, conta.
Para os pacientes, a recuperação traz, na maioria dos casos, o alívio de saber que não será necessário amputar ou a felicidade em ver o membro recuperado, mesmo após ter parte dele amputado. Os profissionais destacam a satisfação e o resultado de uma mudança que começou a ser implementada em outubro de 2024, a partir de um diagnóstico da equipe, e que já apresenta melhorias significativas para a unidade e para a saúde do município.
“Nós não tínhamos o curativo especial na casa e trouxemos para cá, junto com a coordenação e com a SMS. A nossa comunidade precisava muito, pois saía daqui, ia para outras unidades mais distantes e para eles ter o curativo aqui é melhor, pois não precisam ficar se deslocando. Além disso, a gente vai acompanhando esse paciente e fazendo todo o processo para que ele fique curado”, revela a gerente da USF Doron, Azeli Mendes.
“Hoje, nós realizamos uma média de 180 curativos mensais, tendo como principal foco o pé diabético e as úlceras venosas crônicas. No tratamento das lesões, a enfermagem assume um papel de protagonismo no cuidado, em parceria com a equipe multiprofissional, e o paciente também é corresponsável pela sua recuperação, participando ativamente do seu tratamento”, completa Deise.
Superação – Agente de portaria afastado, Ildo de Jesus, 63 anos, já era acompanhado pela USF Doron no ano passado. Ele viu uma bolha surgir na região do médio-pé, mas não deu muita importância. Por não seguir à risca as recomendações da equipe médica, a situação se agravou e ele precisou se internar por pouco menos de um mês. Com a alta hospitalar, passou a fazer o curativo e o acompanhamento de saúde três vezes por semana na unidade, desde janeiro até a última quinta-feira (15), quando ele recebeu a notícia e a plaquinha da alta médica.
“A minha glicemia alterou. Eu tive muito medo de perder o pé. Hoje, eu estou melhor que ontem e amanhã, melhor que hoje. O atendimento foi ótimo, cem por cento”, relata ele, que inclusive deixou uma carta no leito da enfermaria do Hospital Municipal do Homem (HMH), no Monte Serrat, agradecendo também o atendimento que teve na unidade durante o internamento.
Outra paciente da USF Doron, a dona de casa Maria dos Santos, 57 anos, chegou à unidade no final de outubro do ano passado, com muito edema, dor e vermelhidão no membro residual (coto do pé) após amputação de parte do pé direito. Os cuidados envolveram a utilização de medicamentos apropriados e o isolamento do local com curativo para a recuperação.
“Quando eu comecei a fazer o curativo estava muito feio. Só Jesus! Eu não gostava nem de olhar, mas com as meninas aqui, as enfermeiras, graças a Deus, eu melhorei totalmente e hoje não sinto nada. O primeiro curativo que eu fiz em casa eu tive a sensação de que ia desmaiar, porque doeu muito. Depois do segundo dia que eu vim e passei a fazer o curativo aqui, a recuperação foi outra. Elas cuidam muito bem”, comprova.
Agora, ela já faz faxina na casa, cozinha normalmente e até ensaia, em casa, com a filha, alguns passos de forró para o São João. “Melhor do que está agora, impossível. O conselho que eu dou para quem está passando pelo mesmo problema que eu é que venha se cuidar aqui na unidade e que não deixe o diabetes e a depressão vencerem”, finaliza Maria.
Papel do paciente – Técnica de enfermagem na unidade, Marcele Ferreira acrescenta que a equipe dedica toda a orientação necessária para o paciente e que grande parte da recuperação depende também do empenho de cada um deles em seguir as prescrições. Isso porque o portador de diabetes tem uma característica peculiar, com uma cicatrização mais lenta.
“Nós dizemos que 30% do tratamento depende da equipe e 70% do paciente. Fazemos o curativo, informamos os cuidados e há a questão também da anatomia, da saúde, os cuidados do médico para controlar o diabetes, porque senão essa melhora não acontece, então é um conjunto”, aponta.
“Eles chegam dizendo que não estão mais sentindo dor. É uma felicidade muito grande quando liberamos um paciente. Ele comemora dizendo que vai poder tomar um banho direito, sem se preocupar com o curativo. É gratificante ver o retorno do trabalho. Sentimos que estamos no caminho certo”, diz.
Cuidados – Para os pacientes com pé diabético, a orientação é fazer a higiene diária dos pés, secando especialmente entre os dedos; fazer o autoexame dos pés, verificando diariamente se há bolhas, cortes, vermelhidão ou qualquer outra orientação; usar calçados adequados que se ajustem bem aos pés e evitar ficar descalço; controlar bem a glicemia; adotar hábitos de vida saudáveis; e consultar regularmente o profissional de saúde.