Ícone do site SENTO SÉ AGORA

Profissionais de saúde de Salvador passam por qualificação voltada para inserção do DIU na rede municipal – Prefeitura Municipal de Salvador

Foto: Otávio Santos/ Secom PMS

Texto: Priscila Machado/ Secom PMS

Profissionais de saúde da rede municipal de Salvador passaram por uma qualificação para inserção do Dispositivo Intrauterino (DIU), serviço que está sendo disponibilizado gratuitamente em 27 unidades de saúde e no Multicentro Carlos Gomes. A intenção é ampliar a oferta na rede e formar multiplicadores para que possam compartilhar o conhecimento com outros profissionais em suas respectivas unidades.

A qualificação ocorreu ontem (23) e segue até a próxima quarta-feira (28) na Escola de Saúde Pública de Salvador (ESPS), no Comércio, reunindo médicos generalistas, médicos de família e comunidade e enfermeiros. Esse é o primeiro treinamento que está formando multiplicadores e o primeiro a abranger também enfermeiros.

“A partir do momento que a gente tem profissionais estratégicos em cada um dos 12 distritos sanitários, nós teremos um profissional com esse perfil de ser multiplicador. Isso traz um potencial muito grande de conseguir expandir mais rapidamente a oferta desse método para todo o município”, afirma a enfermeira Dândara Santos, referência técnica em Saúde da Mulher pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e uma das responsáveis pela condução da qualificação.

Ela lembra que existe, hoje, um reconhecimento internacional da importância do planejamento reprodutivo, do direito sexual e reprodutivo das mulheres e também de homens para impacto em diversos indicadores.

“Existem indicadores internacionais do Desenvolvimento Sustentável que tratam dos direitos sexuais e reprodutivos e da oferta de contracepção. Nesse treinamento, o foco é a contracepção por uso de um método contraceptivo de longa duração, conhecidamente difundido pelo seu potencial de prevenção da gravidez não intencional a longo prazo. Não há o viés, por exemplo, de esquecer de usar o comprimido. O DIU de cobre fica com a pessoa por 10 anos. A pessoa fica tranquila, faz esse acompanhamento processual com o profissional, mas fica segura de que está protegida”, complementa.

Ampliação – Segundo Elaine Nunes, técnica do campo temático de Saúde da Mulher e também condutora do treinamento, existe um movimento de ampliar a oferta de métodos contraceptivos de longa duração na rede de atenção primária.

“A secretaria publicou um protocolo municipal orientando os profissionais a fazerem a orientação no planejamento reprodutivo e o uso desses métodos. E agora estamos passando para a etapa de treinar as equipes para aumentar a oferta, principalmente do DIU de cobre. Estamos treinando cerca de 20 profissionais para também fazer a inserção e ampliar a oferta desse método para os usuários. Com isso, esperamos conseguir reduzir a quantidade de gravidez não planejada. Que a gravidez seja uma opção de escolha para as pessoas num planejamento reprodutivo”.

Planejamento familiar – Além dos profissionais das Unidades de Saúde da Família, participaram duas equipes do Consultório na Rua e um profissional do Ambulatório Especializado para a População LGBT+.

“A qualificação tem sido excelente, os profissionais estão bem capacitados, preparados para nos passar esse conteúdo e eu acho que isso amplia a rede no SUS e amplia também o cuidado em Saúde da Mulher. Atendo adolescentes e mulheres em alta vulnerabilidade, que não têm acesso ao serviço privado, como a grande maioria da população. A partir do momento que conseguimos ampliar esse serviço, essas pessoas passam a ter mais acesso, e aí entram os princípios da universalidade e da integralidade do SUS”, opina Ana Carla Marçal, médica na USF Alto do Coqueirinho.

Ingrid Nascimento, enfermeira de Saúde da Família, com especialização em Saúde da Família e Apoio Matricial, conta que a unidade onde atua receberá residência multiprofissional. Com isso, ela vai poder receber enfermeiras que possam também aprender a inserir o DIU, cumprindo um papel de planejamento familiar das mulheres.

“É um trabalho de formiguinha começando. Em vários estados no Brasil, as enfermeiras já fazem essa inserção. Sabemos que a demanda médica em determinados estados é menor, inclusive, do que da equipe de enfermagem. Então, a colocação por parte das enfermeiras colabora para a ampliação do acesso a essas mulheres que estão em situação de vulnerabilidade”, diz.

No primeiro dia de qualificação foram abordados os aspectos relacionados ao direito sexual e reprodutivo, as estratégias possíveis de contracepção, a prevenção combinada, prevenção para o HIV e para as Infecções Sexualmente Transmissíveis, o planejamento da oferta de DIU nas unidades.

Na próxima quarta, haverá uma simulação prática do procedimento e também algumas discussões sobre as questões legais da enfermagem. 

Sair da versão mobile